Capítulo 1
Cheguei a Portugal num dia ensolarado, brilhante, como eu raramente tinha tido oportunidade de ver. É certo que era ainda uma criança e, como tal, não tinha tido oportunidade de observar com atenção o mundo que me rodeava. Mas, a verdade, é que fosse pela ansiedade que sentia ou até pelo medo de andar naquele grande avião, sozinho (embora ao cuidado de pessoal muito gentil), sentia-me muito mais esperto do que habitualmente captando todos os pormenores do ambiente que me rodeava.
Sou alemão, de Berlim, e a minha vinda para cá foi fruto de umas “negociações” familiares que, talvez mais tarde venha a descrever e tinham por objectivo potenciar as minhas oportunidades de singrar na vida. Iria viver em casa daquela que viria a ser a minha família de adopção, provavelmente (assim o esperava) para sempre. Não é, portanto, de estranhar o meu estado de atenção apurada, bem como a inquietação e, confesso, o medo que eu procurava, talvez em vão, disfarçar.
Bom, mas estava eu ainda no aeroporto quando vejo uma senhora, baixinha, gordinha, com um ar bem-disposto, aproximar-se de mim, fazer-me uma grande festa dizendo:
- Então tu é que és o Hans! És muito giro sabes?
Fiquei um pouco acanhado com todo aquele à-vontade e aquela forma descontraída de me passar a mão pela cabeça, a mim, a quem ainda nem sequer tinha visto nunca… Todavia, confesso que fiquei também vaidoso (enchi até o peito de ar e ergui bem a cabeça) porque a senhora me achava giro.
Passado este momento algo constrangedor do primeiro encontro lá fomos ambos para o carro que me levaria a casa e para junto das pessoas que iriam ser a minha família. Ia calado, reservado e, penso que todos devem entender que o caso não era para menos.
Em compensação, a dita senhora, foi todo o caminho a conversar, a despentear-me, a rir-se, a fazer comentários à minha voz fininha (das poucas vezes que eu abri a boca) enfim, numa boa disposição que fazia inveja a qualquer um e que se destinava, julgo eu, a descontrair-me. Mas, confesso que me tornava até um pouco mais apreensivo, teria eu “pedalada” para toda esta boa disposição? Iria eu corresponder ao que esperavam de mim?
E como seriam as pessoas que ainda faltava conhecer?
3 comentários:
Ola Sra Donagata :)
Esta é uma historia q promete ...
É sempre Bom passar por este seu cantinho !...
Beijo , Anibal Borges .
É sempre bom deitar o olhinho aos blogues dos nossos amigos.
Virei cá mais vezes.Quando o conto estiver mais crescido, prometo!
Até lá!!!
Olá aqui estou eu novamente...tb para agradecer por sua visita, e pelas palavras de carinho...venha me visitar todas as vezes que desejar, será um prazer...
Gostei da postagem, esta mto interessante...continuará?
Estarei sempre te visitando, agora que encontrei o caminho das pedrinhas
Beijo.
Waleria.
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