terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Hans o alemão

(Começa aqui)

Capítulo2

Chegados ao destino verifiquei que se tratava de uma casa grandita, pelo menos assim parecia, e cheia de actividade. Fui imediatamente rodeado de pessoas e crivado de perguntas: se estava bem, se não estava com fome, ou sede, se estava muito cansado… Todos e cada um queriam estar o mais perto de mim possível; falar comigo, observar-me, fazer-me uma festa… Bom, creio que o normal quando chega alguém que não conhecemos e com quem vamos ter de viver.

Lá fui aguentando todas estas manifestações de interesse e de carinho, com o meu melhor sorriso e da forma mais recatada possível, embora com afabilidade, dado o tipo de educação que eu tivera em que a exuberância não era muito bem vista.

Era uma família numerosa, aquela que eu vim integrar. Todos muito ocupados mas incrivelmente carinhosos e atentos às minhas necessidades e aos meus humores. A juntar à família, não era de todo incomum encontrarem-se lá em casa, amigos dos filhos da senhora simpática. Fui apelidado de “o nosso bebé” “ “o pequenito”… Devo dizer que não gostava lá muito destes epítetos carinhosos, mas atendendo a que era, de facto, o mais novinho lá de casa, aceitava-os com paciência. Era uma forma de reconhecer o afecto com que estava a ser recebido.

Havia apenas um com que eu embirrava sobremaneira: “Panunfinhas”. Eu não percebia lá muito bem português, mas, não sei porquê, embora sempre com um tom de voz carinhoso, não ficava muito contente quando um dos muitos amigos lá de casa, um mais especial e que lá passava muito tempo, me chamava assim. Também nunca percebi muito bem porque é que toda a gente lhe chamava “Rain”. Por isso sentia-me vingado.

Como já disse, era uma família de pessoas ocupadas e, para facilitar o meu bem-estar fui entregue às raparigas para que tivessem o cuidado de me tratarem e de facilitarem a minha adaptação. Assim, o meu alojamento, passou a ser junto do delas.

2 comentários:

Rui Fartura. disse...

o teu blog é um livro, conta-nos uma história. gostei da simplicidade, gostei da leitura.

muito bom trabalho de escolhas de ilustrações.

Donagata disse...

Obrigada pelas palavras agradáveis. Mas isto é apenas uma experiência.