quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um de Janeiro de 2009.


Estão a ver este? Não tem nada a ver. é muito mais bonito!

Acordo com a sensação estranha de que nem sequer tinha dormido. A cabeça ameaça estalar, os braços, mãos, pernas e restantes apêndices anatómicos parecem ter sido apanhados pela roda de um camião TIR.

Tento falar e, oh maravilha das maravilhas, parecia o Olavo Bilac (não o poeta, o outro) mas num patamar muito mais sofisticado. Soltava uns sons roucos, imperceptíveis e ridículos que, embora fizessem as delícias de quem ouvia, se tornava uma actividade deveras penosa.

Decidi ficar um pouco na cama a ler enquanto o meu Gatão me arranjava um pequeno-almoço à maneira, para ver se me fazia sentir melhor. Mas as letras do livro (já de si leitura de longa duração) estavam hoje particularmente inquietas e, raramente, acertava com a linha a ler a seguir; ou repetia a que tinha lido com uma semiconsciente sensação de déjà-vu, ou passava duas ou três à frente passando do estado de “dificuldade em entender” ao de “não perceber absolutamente nada” (diga-se, em meu favor, que estou a ler António Lobo Antunes….).

Desisti, claro, logo que chegou o pequeno-almoço: Kiwi e a tradicional rabanada (para mim) do Dia de Ano Novo com o café.

Mas este ano o meu pequeno-almoço tinha algo mais. Com o resto, vinha um pequeno embrulho, muito bonito, de laço prateado que eu, apesar de estar com as minhas faculdades depauperadas, percebi imediatamente que não fazia parte do menu.

Quando o consegui abrir (com a paciência que me é habitual, rasgando, puxando, cortando…) ficou à vista um lindíssimo anel.

A minha surpresa não podia ter sido maior! Em primeiro lugar não são habituais presentes de ano novo (embora tenha já acontecido) depois, trata-se de um belíssimo anel que eu nunca teria comprado. Vem, talvez, na tentativa de ajudar a repor aqueles que me levaram. É que os anéis foram todos! Mas, apesar de poder atribuir muitas justificações ao acontecimento, a única, a verdadeira é que o meu marido me quis ver feliz.

Bem, como podem ver um início de ano que dá para tudo. Comecei doente. Continuo doente. Passei o dia a aspirinas, líquidos, molhos de lenços à minha volta, a cabeça exageradamente recheada, tenho a sensação estranha que o conteúdo não cabe bem na caixa craniana (se calhar em vez de um neurónio sempre tenho dois….) e um lindo anel de brilhantes claros/escuros, com um design espectacular no anelar da mão direita.

Eu, como sou positiva, digo-vos já que considero um excelente presságio (embora não acredite lá muito em presságios). Ou seja: aconteça lá o que acontecer de mau durante o ano que iniciámos, será sempre temperado por algo muito melhor!

Espero, sinceramente, que seja assim para mim bem como para todos vós.

Nota: Nem imaginam o tempo que levei a escrever este texto de fino recorte literário. É que hoje, as teclas do meu portátil estão, tal como as letras do livro, algo irrequietas e têm vontade própria.

Desculpem, portanto, alguma coisita menos bem. Nem é costume…

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Carta ao meu ladrão


Carta à pessoa, ou pessoas, que na quinta feira passada, tiveram a delicadeza de entrarem em minha casa e me esbulharem de uma parte considerável dos meus bens móveis.

Caríssimos gatunos!

Em primeiro lugar não posso deixar de me penalizar pelo atraso a que fui forçada a condenar esta carta que tão obrigada me sinto a endereçar-vos. Contudo, têm de concordar que não são fáceis nem desembaraçados os trâmites porque os senhores me fizeram passar: O chamar a polícia e a resposta aos inquéritos inerentes, requerendo uma atenção muito especial da minha parte ou não fosse macular o vosso desempenho; A observação minuciosa pelos elementos desta força dos aspectos mais encantadores do vosso trabalho; A manutenção dos locais mais afectados em absoluto estado de sítio até à chegada, no dia seguinte da equipa técnica (vulgo CSI) e a intervenção criteriosa desta, recolhendo impressões digitais e outros materiais para posteriores análises de ADN (esta última era a brincar. Ainda não chegaram a esse módulo de formação). Mas mostraram fotografias de alegados possíveis suspeitos para ver se eram reconhecidos como passantes frequentes desta zona.

De seguida, como todos bem sabemos “Depois de casa roubada trancas à porta”, seguiram-se as démarches para a colocação dos alarmes mais adequados para salvaguardar futuras situações semelhantes e, meus senhores, tudo isto são coisas que me consumiram tempo, paciência e disposição para vos escrever.

Contudo, terminados que estão estes procedimentos mais imediatos, há umas quantas coisitas que gostaria de partilhar convosco.

Em primeiro lugar um profundo agradecimento pelo forte profissionalismo e pela enorme noção de ética que revelaram em todo o processo: não partiram vidros, não sujaram os locais por onde passaram (estou em crer até que tiveram o cuidado de limpar, bem limpos os pés no tapete que ali coloco para o efeito. Bem-hajam!), não arrombaram nem danificaram fechaduras, não levaram computadores portáteis, máquinas fotográficas e outros objectos como telemóveis e assim, pelo transtorno que a sua falta me poderia causar.

Por outro lado tiveram o cuidado de ir directamente ao local, que segundo a vossa opinião, seria aquele que se mostraria mais pródigo em valores. E era de facto, fizeram bem o trabalho de casa. Mais uma vez manifestaram profissionalismo.

Aí, cientes de que uma extorsão da totalidade dos objectos encontrados poderia redundar em momentos de intensa infelicidade e, quiçá, mesmo de algum descontrole emocional da minha parte (que não é bonito de se ver), e creio que já um pouco imbuídos de um certo espírito natalício, seleccionaram algumas peças de valor, é certo, tendo contudo deixado ainda umas quantas com as quais me poderei afinal alindar agora na quadra que se aproxima e que semeia amor por todos os lados.

Aproveito, já agora, o ensejo para vos informar que alguns dos colares, brincos, anéis e até relógios que deixaram, não eram tão fraquinhos como pareciam e, como tal, estão já devidamente acautelados onde, provavelmente, sempre deveriam ter estado.

Agradeço também o cuidado que manifestaram ao recolocarem algumas das peças rejeitadas nos seus invólucros originais o que, mais uma vez revela a ética que vos caracteriza. Sempre me pouparam algum trabalho. Pena que não os tivessem colocado todos nos sítios certos, mas também se compreende, não se pode ser perfeito!

Para terminar e já que se mostraram tão idóneos e sensíveis para com os transtornos que poderiam causar, quero retribuir informando que se regressarem, ir-se-ão deparar agora com o mesmo grau de profissionalismo e de bom-senso por vós demonstrado só que agora da minha parte:

Os valores estão acautelados, os alarmes accionados as fechaduras reforçadas e o cão solto.

Boa sorte!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Férias


…e, quando já todos esfregavam as mãos de contentamento pela inacreditável antevisão da minha desistência enquanto cibernauta, eis que origino a mais torpe das desilusões:
Voltei.

Na verdade a minha ausência deveu-se a uma conjuntura (não sei se é uma conjuntura, mas achei que é uma palavra gira, que já não utilizo há algum tempo e não desfeia a prosa) engraçada.

Em primeiro lugar vi-me privada de net durante dois dias e meio sem perceber porquê; tudo estava O.K. a verdade é que lá do ciberespaço, nada.

Finalmente lá acabei por descobrir (e não fui eu, claro) que um cabo de rede havia sido desligado e mal religado. Duas situações se colocam:

- Ou os meus animais (gatos e cão), insatisfeitos com o tempo de atenção que julgam ser-lhes escamoteado nestas minhas incursões pelos blogues, e num acto de vingança inqualificável, o desligaram, tendo depois sido atabalhoadamente enfiado lá num buraquinho pela minha empregada (que os defende sempre),

- ou, mais provável, aconteceu isso mesmo mas após um puxão mais estouvado aquando das “limpezas”por estes lados.

Resolvido o problema, saio de imediato para passar quatro dias, atentem bem: QUATRO DIAS INTEIROS, de férias.

Desses quatro, quase dois, passei-os a contemplar o mar da varanda da belíssima suite, qual Teresa de Albuquerque a esvair-se enquanto o seu Simão Botelho se esfumava Douro abaixo (desculpem, mas o meu estado de espírito, às vezes era parecido) …

Enquanto isso, curtia uma trip de Aspirina (eu, não a Teresa,) dado que fiquei com um vírus que é aquilo que a gente tem quando está muito enjoada, tem frio, depois calor, dores nos locais mais inacreditáveis do corpo, pouca força e, enfim, não se sabe lá muito bem que raio é. Então é virose.

Ah, esqueci-me de referir um sintoma importante: uma vontade incrível de bater em alguém…
Sorte hein?!

A vingança, essa, há-de vir por aí…

Nota: este texto refere-se a Maio do ano passado.

sábado, 6 de junho de 2009

Susto


Hoje apanhei um susto. Não foi um susto qualquer! Não, foi mesmo um grande susto. É que quando cheguei ao meu Bernardo (é o meu computador, nem todos podem ser Magalhães, não é…) e tentei entrar no meu blogue, não consegui. Já ontem à noite alguém me tinha enviado um mail perguntando a razão pela qual tinha o blogue inacessível. Mas eu, muito sinceramente, dado o adiantado da hora, não dei muita importância pois julguei que fosse algum problema temporário do blogger e que hoje tudo estaria resolvido.

Engano meu. Logo de manhã lá vou eu toda lampeirinha, de cafezito na mão para, com a ajuda do Bernardo, dar uma vistinha de olhos pelos meus parceiros internautas preferidos e, eis senão quando, o blogue não há meio de abrir. Por mais que eu tentasse, por todas as “portas” que eu conheço, lá me deparava com a invariável mensagem: server can not be found error404.

Fui clicando nas diversas “ajudas”(?) que vão sendo propostas que nos vão empandeirando para outras “ajudas” ainda mais complexas as quais me encaminhavam para níveis muito à frente daquilo que é a minha capacidade de compreensão da coisa. Eu só sabia que estava a ser vítima do erro 404 mas não vislumbrava indícios de solução.

Claro que, entretanto, fui seguindo algumas sugestões (as que conseguia entender minimamente) e lá fui mudando passwords (agora nem sei bem quais as que mudei e as que mantive…), introduzindo códigos enviados por e-mail mas que, afinal, não me davam acesso a nada, liguei e desliguei o Bernardinho tantas vezes que até ele já estava mais lento e fazia uns ruídos estranhos, isto tudo enquanto me ia insultando até à quinta geração por ter decidido optar por um domínio próprio (já desde Julho) que eu achava ser a razão do problema.

- A mania dos modelos exclusivos! soprava eu. – Não podia ser como toda a gente! Não! Tinha que ser à fina, tinha que ter um domínio. Ainda se ao menos eu soubesse para que serve ter um domínio!!!!

Bom, a verdade é que com todas estas tentativas, este faz e desfaz, este receber quatro vezes a mesma mensagem da suposta assistência do blogger, que não conseguia pôr em prática, ter os cabelos todos em pé, a alma num frenesim e a sensação de que se me aparecesse alguém pela frente era corrido à chapada, dei-me conta que tinha passado a hora do almoço e que se aproximava rapidamente o horário de um compromisso a que não podia faltar.

Sempre em acesa discussão comigo mesma lá fui à minha vida esperando que, entretanto, se desse o milagre da desmultiplicação do erro 404.

Quando regressei, no final da tarde, e como não tinha sido abençoada nem com um laivo de milagre, a coisa continuava a não funcionar, lá me voltei a sentar e decidi mexer menos e raciocinar mais.

Foi aí que, primeiro, no mesmo domínio, criei um blogue novo o qual, espantem-se, abriu!

Então, fui ao painel do outro (a isso eu tinha acesso, só não tinha ao conteúdo) e decidi reconfigurar todas as definições do blogue. Já quase no fim, aparece-me lá um espaço que me permitia sair do meu domínio e passar para o condomínio geral (já lá devia ter passado umas boas dúzias de vezes sem ter visto) para o qual saltei imediatamente.

E foi então, queridos e pacientes leitores, que eu me reencontrei com esta peça de arte literária (e não só) que é este meu “Ponto de Cruz” do qual eu já sentia a falta mesmo que só tivesse estado perdido um dia.

Pensando que esse reencontro tinha sido um sinal que não podia ignorar, aqui estou eu a moer-vos o juízo a contar-vos com penosa e intencional lentidão as minhas desgraças de hoje.

Foi uma verdadeira segunda-feira! E quem leu isto até ao fim ou não tem mesmo nada para fazer ou tem muitos pecados a expiar…


Observação: este texto refere-se ao blog "Ponto de cruz", o meu blog principal e que se encontra no meu perfil.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Buenos Aires 1999



Buenos Aires 1988. Concerto de encerramento da rourneé a favor da Amnistia Internacional em que participou o que de melhor havia na música.

Vamos lá alegrar e "abanar esses capacetes". dançar é bom!

Endorfinas


Resultado do excesso de produção de endorfinas. Estado já bastante avançado requerendo cuidados.

Endorfinas

Tenho passado algum do meu tempo livre a fazer investigação acerca de Endorfinas. É verdade, endorfinas. E porquê? poder-se-á perguntar.

A questão é a seguinte: Já toda a gente entendeu com certeza que, ultimamente, me tenho dedicado com algum afinco e regularidade à saudável (às vezes...) prática do exercício físico em algumas das suas modalidades. Tal facto deveu-se inicialmente a recomendações médicas mas, estranhamente, agora é já por vontade, necessidade até, própria. O exercício já me faz falta!

Ora isto, para mim, não é absolutamente nada normal. Logo para mim cujo único exercício admissível até há algum tempo era a leitura de um bom livro de preferência confortavelmente sentada. Ou então, vá lá, uma boa cavaqueira com os/as amigos/as no café ou em qualquer outro local aprazível.

É então aí que, aparentemente, entram as Endorfinas.

Segundo o que apurei após um aturado trabalho de pesquisa, as ditas endorfinas são substâncias químicas utilizadas pelos neurónios na comunicação do sistema nervoso. Ou seja, são neurotransmissores.

São produzidas naturalmente pelo nosso organismo, em várias situações, nomeadamente em resposta à actividade física com o objectivo de relaxar e dar prazer, despertando uma sensação de euforia favorecedora do bem estar.

Traduzindo:

Endorfinas são uma coisa muito boa que produzimos cá dentro quando fazemos exercício e outras coisas que nos dão prazer ( hummm...) e que têm como efeito sentirmos mais prazer ainda. Ou seja é uma coisa assim do género de uma “ganza” de qualidade mas de borla e legal até porque é produzida nos nossos interiores.

Aparentemente tem um monte de efeitos, quer físicos quer psicológicos, todos eles benéficos; muito benéficos mesmo.

Têm uma vida curtinha e são eliminadas por determinadas enzimas para que não encubram eventuais problemas uma vez que também diminuem a dor.

Ora bem, pois é aí que deve residir o meu problema! Não devo ter essas enzimas e devo acumular um batalhão de endorfinas que me deixam completamente taralhouca; bem disposta, é certo, mas taralhouca mesmo.

Hoje atingi, aquilo que considero, um pico de taralhouquice preocupante: Esqueci-me de ir almoçar! Não é que me tenha esquecido de comer, não. Isso é impossível. Esqueci-me de um almoço combinado terça-feira, pasme-se, há dois dias e que, ainda por cima, se reveste de uma importância verdadeiramente especial para mim. Trata-se do encontro mensal de um grupo de amigas muito queridas que costumo designar por “Grupo cultural e recreativo das recém-aposentadas de .....”

Eu sei que estou a ficar mais velhota. Sei também que estas coisa começam a ser mais frequentes com a idade, mas quero crer que nem mesmo a idade me fará nunca esquecer um almoço! Em primeiro lugar porque, mesmo mais velha, gosto de comer. E depois porque além de estar com amigas, como posso eu perder uma ocasião com um pretexto tão bom para fazer asneiradas na minha pseudo-dieta?

Pois é, por mais voltas que dê, a culpa é das Endorfinas e não se fala mais nisso!

domingo, 24 de maio de 2009

As coisas que me acontecem!

Até podia ser eu nesse dia. mas não sou. Aparentemente é novamente Michael Jackson

Só hoje me apeteceu contar-vos um pouco do que foi o meu dia de quarta-feira. É daqueles dias em que temos a sensação que nem sequer devíamos ter acordado. Mas, como temos vida, e temos que a viver, o melhor é andar para a frente e esperar que este entupimento da sanita às 9 horas da manhã, porque eu, distraidamente (estava cheia de cólicas intestinais), despejei para lá um recipiente de feijoada que tinha sobrado na véspera, Carnaval, e já não estava em condições, tendo, seguidamente, com toda a lógica puxado o autoclismo, inundando a casa de banho, o hall, as carpetes…. Fosse o pior que me ia acontecer e, já agora tudo condensadinho num espaço de poucas horas.

Mas não! Desenganem-se os mais crentes. Muito mais me haveria de acontecer absolutamente inesperado.
Como tinha assumido o compromisso de levar a minha sobrinha ao hospital às dez horas para fazer um curativo e verificar de que forma estava a evoluir a intervenção cirúrgica a que havia sido submetida semanas antes, comecei a ficar nervosa, percebendo que, de forma nenhuma, conseguiria cumprir o compromisso do horário.

Ligo para o meu irmão, enquanto ia fazendo um café bem forte a ver se espevitava o intestino preguiçoso e o punha a funcionar em vez de doer apenas e combino com ele ir seguindo com a pequena para o hospital que eu seguiria para lá, logo que algo se desencadeasse. (Ele não suporta assistir a estas coisas – curativos, claro).

Lá venho eu de balde e esfregona para limpar o chão numa mão e com a chávena do café algo periclitante no pires para levar para cima e tomar sentada para ver se acalmava um pouco pois estava já a “estriquinar” (não existe, inventei eu mesma).
A parte do balde e da esfregona correu bem, não tive de subir escadas. Já no que concerne ao café não fui tão afortunada.

As escadas, subi. Sento-me em frente ao computador para aproveitar o tempo em que tomava o café e ir lendo os mails mais urgentes. Dou um primeiro gole no café, o qual me provoca uma engasgadela monumental. Cuspo café para tudo quanto é sítio, inclusive o computador (julgo que ficou viciado pois a partir daí, de vez em quando faz umas piscadelas estranhas) e ponho a escrivaninha em estado de sítio.

Entretanto as cólicas tornam-se bastante insuportáveis e eu naquele impasse estranho de não saber se havia de ir à casa de banho (a outra, uma vez que a primeira estava impraticável. O balde e a esfregona, só por si, não obtiveram resultados visíveis) esforçar-me dramaticamente para que algo acontecesse, ou esperar mais um pouco e tratar de limpar todos os vestígios de café que projectei criteriosamente pelos quatro cantos do quarto onde estava.

Bom, decidi-me pela segunda hipótese uma vez que a primeira palpitava-me que ia ser longa e difícil.
Vou buscar os panos e os detergentes para limpar as manchas de café, para o que tenho de ir ao andar de baixo e passar pelo balde e pela esfregona e decido dar uma primeira limpadela ao estardalhaço que me estava a enervar. Não consigo. Desisto, subo para limpar o café, mas acabo por ir primeiro à casinha.

Por pudor vou saltar esta parte. Apenas vos digo que a coisa foi tão complicada que fiquei pejada de Petéquias, é verdade, Petéquias por todo o pescoço, colo e até zonas adjacentes.

Bom, resolvido este assunto, quiçá o mais grave, lá limpo atamancadamente o café, apanho a água que já se espraiava bem perto da cozinha, coloco os artefactos de limpeza no jardim e volto para dentro para disfarçar ligeiramente as ditas Petéquias (não me canso de repetir. Sinto-me feliz, pois não sabia que era temporariamente possuidora de tamanha raridade) e lá vou feita maluca para chegar ainda a tempo do curativo ou ainda dava algum peripaque ao meu irmão.

Cheguei rapidamente ao hospital. O parque estava sobrelotadíssimo como habitualmente pelo que estaciono à Comandante em cima de um passeio com uma lista amarela, e corro para dentro para acompanhar a minha menina.
Aí começam, finalmente as coisas a correr bem. Encontro o médico (por acaso meu primo) ainda a dirigir-se para o local do curativo e, aparentemente, as coisas estão a ficar melhorzinhas com a menina embora ainda tenha uns tempinhos de pensos e coisas estranhas que lhe enfiam lá para dentro.

Já estava eu prontinha para me vir embora, iniciando as despedidas, quando uma senhora enfermeira, suponho, me dá uma chave para a mão, me indica um cubículo, me manda despir inteiramente, tirar, brincos, anéis, relógios piercings e outros eventuais acessórios e deixa-me apenas com uma bata daquelas que deixam o rabo ao léu, uns sapatos de plástico, muito elegantes, azuis e uma touca verde. Um “ensemble” extraordinário.

Eu, naturalmente, ainda lhe digo que deve haver engano, que eu não vinha para isto, deve ser alguém, que não eu, que deveria estar a preparar-se mas a senhora não foi de modas e disse que era mesmo eu “o Sr. Dr. Tinha mandado” e, eu calei-me…

Só não percebo é como conseguiram tão facilmente levarem-me assim à falsa fé para o bloco sem que eu tivesse grande reacção. Eu sei que ainda disse que não tinha tomado banho, que não tinha feito a depilação, que precisava da perna para conduzir de volta, que o meu encarregado de educação não havia sido avisado… mas nada resultou. Quando dei por ela estava deitada na mesa de operações, uma pequenita que eles lá têm e já estava o outro de seringa e bisturi em punho todo contente a tirar-me uns sinais que eu tinha combinado lá ir extrair talvez aí há uns três anos… Não sei bem…

De seguida, como se já não bastassem as (outra vez) Petéquias, ainda me tira para aí uns trinta cravinhos, ou verruguinhas, daqueles pequeninos, no pescoço, a sangue frio.

Bom, feito isto, lá me vou vestir, ainda um tanto atordoada não por nenhum anestésico mas pela facilidade com que me engramparam, a mim, que até me acho uma pessoa muito fina.
Venho ter com os outros, que entretanto esperaram por mim, ainda um pouco ensanguentada no pescoço e, após as despedidas formais mais as carinhosas, sobretudo essas, lá regresso ao carro (que entretanto tinha um papelinho no pára-brisas que eu não vi) e lanço-me a toda a brida para um local protegido em que não tenha que mexer em nada, sempre com o espectro do que me poderia vir ainda a acontecer.

As recomendações eram vir para casa e pôr a perna ao alto para que não inchasse. E foi assim mais ou menos que fiz. Depois de ir ao health club e permanecer sentadinha no jardim de Inverno a ler um livro e almoçar lá, como estava combinado com a minha filha, vim para casa.
Aqui, após ter estendido uma máquina de roupa, ter programado outra para se fazer durante a noite e ter tentado limpar realmente a casa de banho (tentado porque a minha filha quando me viu com o balde quase me batia), lá me sentei, finalmente para ficar, de perna para cima.

E, estranhamente, consegui terminar o dia sem que mais nada de anormal se tivesse passado.
Francamente, quando me fui deitar e estava a fazer a minha higiene pessoal, olhei atentamente para as Petéquias mais para as pintinhas ensanguentadas que ficaram da extracção das verruguinhas e achei até que me favoreciam bastante.
Afinal nem tudo fora mau.

Observação: isto aconteceu-me realmente, tudinho como aqui está mas já há algum tempo. Penso que no início de Março.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dia muito negro!


My new club!

Hoje de manhã resolvi (infeliz decisão) vestir uns corsários brancos, muito bonitos, que havia usado em férias o ano passado mas que ainda não tinha tido oportunidade de pôr este ano.

Vou toda contente buscá-los, aprecio-lhe os pormenores de elegância e, satisfeita com o que vejo, lá enfio o pé direito, a seguir o esquerdo, puxo com jeito primeiro, depois com menos jeito e com mais força e, por fim, desesperadamente para que os estúpidos dos calções que nem são bem calções nem chegam a calças, passassem a parte arredondada das ancas e chegassem até onde tinham obrigação de chegar.

Depois de muitas contorções, de alguns saltos e uns tantos puxões, lá consegui enfiar-me na estranha peça de vestuário (que, devo dizer, já não me parecia assim tão elegante).

Bom, lá que consegui, é um facto. Outro é que além de comprometer inteiramente a minha mobilidade, acumulavam-se, logo acima da cintura, umas zonas um tanto bolbosas, penso que emigradas de mais abaixo por lá não terem cabimento, que me davam um look algo estranho.

Possíveis conclusões:

1. Os calções encolheram;

2. As calorias, os tais bichinhos que durante a noite encolhem as roupas que guardamos nos roupeiros, haviam atacado forte e desapiedadamente;

3. Aqueles não eram os meus corsários, alguém lá foi trocá-los;

4. Hoje estava com uma tremenda de uma retenção de líquidos;

5. Estou um tudo nada mais fortezinha embora não pareça…

Agora pergunto:

1. Para que raio é que perco tantas horas a malhar no ginásio sofrendo horrores nas mãos de sádicos/as que se comprazem em fazer sofrer o pessoal (e se eu sofro!)?

2. Porque é que passo a vida a comer saladas de todas as espécies e feitios há tanto tempo e de tal forma que até já esqueci o sabor de certos alimentos?

3. Porque é que me trocaram os corsários, hã?!!!

4. E quem foi o/a insolente?

5. E agora como vou para férias sem os ditos corsários brancos?

Momentos tenebrosos se avizinham!

Não sei quem vai pagar por isto, mas que alguém vai sentir na pele, disso não restem dúvidas!

(O mais provável é ser eu. Ou então resigno-me calmamente ao estatuto de “Sexy XXL”, o mais plausível, aliás!)

You sexy Thig II

Medidas foram tomadas. Sou uma gata de atitudes!

Day one:

· 45minutos de hidroginástica, seguidos de 1000, atentem bem, 1000 metros bruços. Tudo isto após meio pãozinho com manteiga (pouca) e um café e seguido de uma barrinha de cereais e de um sumo de ananás, natural!... Enquanto via a prova de Nelson Évora, o que não foi lá muito bom; naturalmente fiquei mais inchada.

· Deu tempo para ficar a assimilar a vitória enquanto lia um livro.

· Lanche: o outro meio pãozinho e uma ameixa.

· Ida frenética às compras (frutas, legumes, ingredientes para saladas, uns frutinhos secos e gelatina).