segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Hans o alemão


Capítulo 4

A família costumava viajar bastante. De vez em quando lá íamos todos de malas e bagagens visitar diversos locais, uns mais próximos, outros mais distantes, onde nos encontrávamos com outras famílias parecidas com a nossa e fazíamos grandes festas.

Por norma, talvez por ser dos mais novinhos e ter bom feitio, era muito apreciado. Diziam também que era muito bonito mas aí, a minha modéstia, impede-me de levar tais elogios a sério. Contudo, fosse lá pelo que fosse, era sempre alvo de uma atençãozinha especial; uma festa, um piropo, um beijo mais molhado, um apertão daqueles que me deixava meio abanado, enfim, todas aquelas coisas a que a minha esmerada educação não permitia que me esquivasse.

O tempo foi passando e eu estava mais do que contente com esta vida regalada que todos me proporcionavam. Das raparigas que tomavam conta de mim, havia uma por quem eu tinha uma certa predilecção.

Era bonita, que era, mas nem era bem isso que me atraía nela. Era mais o seu temperamento. Embora não fosse a mais velha, nem tampouco exercesse a liderança desse pequeno grupo, esse era exercido com muita eficácia pela Fiona, uma beldade norueguesa, era muito senhora do seu nariz e tinha opiniões muito próprias acerca de tudo e de todos. Era bastante independente e não era fácil fazê-la mudar de opinião. Só o fazia quando lhe era apresentada uma muito boa explicação que ela achasse plausível. Quando assim acontecia, também não era de teimas, aceitava e pronto.

Eu gostava desse temperamento talvez porque eu era um pouco retraído e via ali o modelo daquilo que eu gostaria de ser. Além disso dávamo-nos muito bem. Sim, porque a verdade é que ela também simpatizava especialmente comigo.

Tornámo-nos assim inseparáveis.

O tempo foi passando e, embora continuasse a ser “O Bebé”, “O Pequenito”, “O Panunfitas”, a verdade é que eu fui crescendo, sem que ninguém se tivesse dado muito conta disso tal era a vontade de terem a quem mimar. E eu ia deixando correr, tendo perdido indecentemente acompostura e mendigando atenções a torto e a direito.

2 comentários:

wallper.lima disse...

Bom, venho acompanhando desde o começo essa história, que aos poucos foi me envolvendo e agora não tem como deixa-la passar, pois a curiosidade bate fundo, e me trouxe até aqui afim de ler mais um pouco sobre a vida de "Hans o alemão."
Lembro-me que vc disse que era uma tentativa, uma experiência fazer um conto, mas te digo com toda sinceridade e nenhuma bajulação, que vc esta pronta para seguir adiante, pois quando a gente consegue de fato segurar a atenção do leitor eis aí o mérito que é todo seu!
Um grande bj.
Wal.

Donagata disse...

Obrigada pelas palavras de incentivo. Mas, a verdade, é que escrevo com alguma facilidade e até algum humor e julgo que interesse, textos relativamente pequenos. Desencadear uma história e mantê-la com interesse acho que não é a minha onda. Contudo não sou pessoa para não responder a desafios. E, por isso, cá estou...

Beijos.