quarta-feira, 13 de maio de 2009

EU, COBAIA (Capítulo V)



CapítuloV


Depois de ter entendido, mais ou menos, o que se esperava dos treinos ou seja, que se soubesse em cada momento da aula em que nível da escala me encontrava, lá continuei esforçadamente a comparecer aos que se seguiram.
E, para minha surpresa, foram ainda alguns.

Num dos dias verifiquei que um dos rapazinhos mais jovens, uma cobaiazita imberbe e tímida, estava “armadilhado” qual elemento das hostes de Ossan Bin Laden, infiltrado no meio daquele mulherio, dando a sua vida, para acabar com o nosso lento definhar. Mas não, estava apenas equipado com um frequencímetro que iria ajudar, também, a melhor entendermos a intensidade do esforço despendido. Pelo menos ele entenderia melhor o seu esforço.
Eu, fiquei a pensar com os meus botões (ou outra coisa qualquer uma vez que os fatos de banho não têm botões): - Quando ele estiver com 170 pulsações, por exemplo, eu, que quase podia ser sua avó, estarei mesmo naquele pontinho de “bater as botas”...

Além de apurar a sensibilidade para nos situarmos no ponto correcto da escala, os diversos treinos destinavam-se ainda a criar em nós, cobaias, a endurance necessária para aguentar os “picos” de esforço imprescindíveis para o estudo sem haver riscos excessivos de morte ou invalidez permanente. E acreditem que se tratam de picos que podem orgulhosamente concorrer, em grau de dificuldade, com o Everest... É que o problema não é chegar aos "picos", é mantê-los durante largos minutos sempre na máxima intensidade de esforço.

Bom, cheguei aquele que penso ter sido o último ensaio. Foi também o mais duro pois já se experimentou o exercício em toda a sua pujança!
Tivemos direito até a reportagem filmada dentro e fora de água. Só foi pena que, a dada altura, já nem os olhos conseguisse abrir nem tivesse a noção do lado para que estava a abrir os braços ou a fechar as pernas. Em boa verdade já nem sabia muito bem se tinha braços e pernas. Só sabia que tinha de continuar aos pulos e aos empurrões à água, de forma frenética, como se estivesse completamente possuída por forças estranhas e disso dependesse o meu amanhã.
Ah, é verdade, tive também direito a ser “armadilhada” claro, mas o esforço era tal que nem conseguia ver o indicador da frequência cardíaca. Contudo, no final, a professora informou-me que tinha feito um pico de 170 e muitos batimentos por minuto mas, a mim, pareceram-me para aí 500. Contudo, aparentemente fiz uma boa média...
Só vos digo, se os treinos durassem muito mais tempo e com esta intensidade, tenho para mim que quando chegassem os dias dos testes a valer, as cobaias estariam (e vamos lá a ver se não estão) todas fora de combate!

E agora, que estou em casa, ainda um pouco embotada pelas endorfinas, o único exercício que me apetece é sentar-me no sofá na companhia dos meus gatos e do meu cão. É exactamente o que vou fazer.
Os testes finais serão nos dois próximos sábados. Se conseguir, contar-vos-ei o que se for passando.

Nota:

A publicação dos capítulos está a ser feita com algum atraso; de modo que, nesta data, já foi feito o primeiro teste a sério (sobrevivi) e o segundo e último será hoje. Se sair mais ou menos incólume, deles vos darei também conta brevemente

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