quinta-feira, 14 de maio de 2009

EU, COBAIA (Capítulo VI)


Capítulo VI

Finalmente! Dia de testes a sério!
Dito assim, pode até parecer que estava esfuziante com o facto. Mas não, estava bastante amedrontada.
Em primeiro lugar preocupada com a minha integridade física, é claro, e depois era também o peso da responsabilidade. A verdade é que não podia deixar de me esmifrar até à exaustão não fosse falsear ou inviabilizar os dados que era suposto serem recolhidos.
Então punha-se a questão: quando é que a exaustão era já mesmo exaustão e não deveria continuar?... Pois é, é difícil saber...

Bom, mas lá fui. Chego à piscina e deparo-me com um aparato enorme de instrumentos, objectos, mesas, câmaras de filmar dentro e fora de água e gente com ar de muito entendida na matéria; enfermeiras, técnicos de som e de imagem, outros técnicos não sei bem de quê, a professora, colegas...

As “vítimas”, nós as cobaias, “actuávamos” duas a duas, devidamente armadilhadas e depois de sermos pesadas (exigi confidência, claro), medidas, encontrado o índice de massa corporal, picadas para analisarem não sei o quê, medidas as tensões, verificadas as frequências cardíacas em repouso (e já estou cansada só de dizer o que me analisaram) e depois de termos assinado qualquer coisa que eu acho que devia ser o testamento, sei lá, fomos finalmente para a água. A Inês deu então início à sessão.

E que sessão! Foi curtinha, é certo, mas foi de deitar, literalmente, os bofes pela boca.
A Inês diz que o “pico” foi de sete minutos e entenda-se que só se considera “pico” quando estamos já num nível intenssíssimo de esforço, agora imaginem o que é aguentar isto sete minutos. Parecem setenta!
No final, como já vos disse antes, não tinha a mais pequena noção se abria as pernas, se as fechava, se saltava muito ou pouco, se abanava os braços a arrastar a água para dentro ou para fora... Enfim, só queria ver se conseguia continuar a respirar.

E consegui! Terminei o teste sem estragar, julgo eu, o trabalho da menina, e aqui estou para o comprovar. Portei-me muito bem. Pelo menos não estriquinei (já não usava esta palavrinha há tanto tempo! Mas aqui é mais do que adequada).

No final, enquanto estávamos ainda a tentar ver se respirávamos, foi-nos novamente medida a tensão, os índices de ácido láctico no sangue e não sei mais o quê. É que não estava lá muito consciente. Eu só via as duas enfermeiras a olhar para as duas “vítimas”, nós, com um ar que não percebi bem se era compassivo se preocupado...

Para a semana há mais, mas este já passou. Devo dizer que estou agora muito mais descontraída do que estava de manhã.

Depois conto. Está a acabar.

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